RN tem alta de 17% nos casos de infecção por Covid-19 em novembro

O Rio Grande do Norte registrou aumento de 17,61% no número de casos de Covid-19 em novembro. Foram registrados 13.811 novas infecções até esta segunda-feira 30, segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). A quantidade de novos doentes dentro de um único mês é a maior desde julho passado, durante o pico da doença entre os potiguares, quando 20.129 contágios foram diagnosticados.

Segundo os dados epidemiológico mais recentes, foram registrados 8.521 novas infecções pela Covid-19 entre os dias 23 e 30 de novembro. Ao todo, o Estado soma 95.123 casos desde o início da pandemia. Com o resultado, a média móvel — a comparação estimada dos últimos 15 dias — subiu para 765,1, o que representa o maior registro desde 14 de julho, quando a média foi de 708.

Os dados também refletem a variação da taxa de reprodução (Rt) do novo coronavírus entre os potiguares. Segundo o sistema Covid Analytics, ferramenta da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o Rio Grande do Norte tem o maior índice de todo o Brasil: 2,19. O Rt é a métrica de quantas pessoas, em média, um indivíduo infectado pode chegar a transmitir a doença. Na situação entre os potiguares, segundo a PUC, uma pessoa contaminada pode transmitir o vírus para mais de duas pessoas.

O Rt apresentado pelos pesquisadores cariocas difere do índice calculado pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS), que é ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Pelos critérios locais, a taxa de transmissibilidade é de 0,50. A diferença é explica pelos parâmetros utilizados pelos pesquisadores. Os cariocas usam a evolução dos casos; já os potiguares, critérios como o tempo entre o aparecimento dos sintomas e o período de infecção.

O número de contágios pode ser visto, também, a partir das internações no Sistema Único Saúde (SUS). Atualmente, a taxa de ocupação dos leitos críticos para a doença é de 50%.

A Região Metropolitana de Natal concentra mais da metade dos leitos de internação. São 48% das vagas ocupadas até esta segunda-feira 30 — 51 leitos dos 106 disponíveis. Em 1º novembro, para efeito de comparação, as internações estavam em 32%.

Entretanto, apesar da aceleração no número de infecções, os óbitos não apresentaram altas expressivas em novembro. Até o último dia 29, o Rio Grande do Norte registrava 104 mortes ao longo do mês. No mesmo período de outubro, houve 180 óbitos — o mês terminou com 184 mortos.

As mortes ocorridas em novembro representam o menor registro desde abril, com 55 óbitos, antes do período mais grave da doença. O recorde aconteceu em julho, com um total de 743 de potiguares mortos pela Covid-19.

De acordo com Alessandra Lucchesi, subcoordenadora da Vigilância Epidemiológica da Sesap, o aumento do número de contágios da Covid-19 se dá pela ampliação da capacidade de testagem em todo o Rio Grande do Norte. A rede de exames para a detecção do novo coronavírus cresceu em todos os municípios potiguares.

“O aumento desses números de confirmados decorre da ampliação da capacidade de testagem e da disponibilização deste exames aos municípios, bem como os critérios para a população elegível para a testagem [da Covid-19]”, explicou. Ainda segundo ela, boa parte dos casos confirmados em novembro não são “ativos”, ou seja, não há capacidade de infecção.

O exame mais comum utilizado hoje é o sorológico, que detecta os anticorpos para doença. O exame só pode ser feito após os suspeitos apresentarem sintomas. “Nem todos os casos estão ativos. Ou seja, pessoas que ainda estão infectadas pelo vírus.

Aumento de casos entre os jovens de 20 a 29 anos

Nas últimas semanas, jovens e adultos de 20 a 49 anos têm sido os mais acometidos pela doença no Rio Grande do Norte. Esta parcela da população representa, então, 41,9% dos casos confirmados entre os potiguares.

O infectologista André Prudente, Diretor do Hospital Giselda Trigueiro, explica que o aumento de casos tem se dado em jovens e adultos de classes sociais mais favoráveis, em razão do retorno de algumas atividades.

“Nas últimas duas semanas, houve aumento de casos em jovens e pessoas de condições sociais um pouco mais favoráveis, de classe média e classe média alta, principalmente pelo fato dessas pessoas terem conseguido ficar em isolamento e distanciamento social por mais tempo. Então elas voltaram a fazer diversas atividades que faziam antes, como por exemplo frequentar shows e eventos onde há aglomeração”, disse.

Diferentemente do período do pico da doença – em meados de maio e julho -, onde idosos e pessoas de classes sociais mais baixas, hoje a queda aparente do número de casos fez com que as pessoas ficassem menos preocupadas com o coronavírus.

“Como estava uma aparente queda do número de casos, as pessoas passaram a se preocupar menos, e as medidas de prevenção diminuíram, ou seja, nesse momento temos o aumento expressivo do número de casos em jovens e pessoas adultas”, relata.

Os eventos decorrentes das eleições municipais e a realização de eventos tanto de pequeno como de grande porte foram cruciais para o aumento dos casos de Covid no Estado.

“As pessoas que adoecem são aquelas que entram em contato com outras que estão transmitindo. Então, todas as vezes que ocorrer algum evento, seja ele grande, seja pequeno, aumenta a chance de transmissão da doença”, pontua. A grande preocupação atual está no fato dos jovens e adultos que estão adoecendo, mesmo com sintomas leves ou até mesmo assintomáticos, possuam contato com familiares e parentes idosos ou que pertençam aos grupos de risco.

AGORA RN

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