RN perde mais empresas em 2018

A recessão que desestruturou a economia nacional entre 2014 e 2017 ainda reflete negativamente nos setores que mais contribuem para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Ao longo do ano passado, conforme dados exclusivos da Junta Comercial do Estado (Jucern) obtidos pela TRIBUNA DO NORTE, o número de empresas abertas diminuiu. Em 2017, enquanto foram registradas 7.003 novos negócios, em 2018 o número caiu para 6.244, equivalente a uma diferença de -10,83% ou 759 empreendimentos a menos nos registros da Jucern em comparação com o ano anterior. O número de empresas baixadas foi de 128, correspondente a um aumento de 3,06% ante 2017.

O setor que acumulou o maior número de novos registros na Jucern em 2018 foi o de Serviços, com 3.067 novos empreendimentos formalizados. O dado chama atenção pois o segmento foi o que registrou o menor percentual de recuperação econômica ao longo do ano passado. O Comércio aparece na segunda colocação, com 2.306 novos registros. A Indústria, setor que necessita de maior volume de investimentos para abertura de novas unidades, contribuiu com 871 inscrições na Jucern em todo o ano passado. O ramo com maior número de empresas baixadas no período foi o Comércio, com 2.192 inscrições encerradas. Gigantes do varejo, como o ‘Atacadão dos Eletros’, por exemplo, encerraram atividades no Estado ao longo de 2018.

Os motivos para a diminuição da atividade empresarial no Estado são diversos e não se restringem aos desdobramentos do cenário econômico nacional. “Ao analisarmos o perfil econômico de nosso Estado, podemos identificar algumas causas específicas, que explicam esse número tão grande de empresas que, atualmente, estão fechando suas portas. É importante lembrar que sob o aspecto da quantidade de empresas potiguares, quase metade delas desenvolvem atividades relacionadas ao Comércio, segmento este que depende fortemente da demanda da população local pelos produtos vendidos em seus estabelecimentos comerciais”, analisa o especialista em Gestão e Desenvolvimento Sustentável, Francisco Hedson da Costa.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal), Augusto Vaz, o contexto macroeconômico e as dificuldades vivenciadas no ano passado se refletiram nos números. “A gente teve em 2018 um ano com certas dificuldades. Sempre que a gente passa por uma crise, as empresas que tem uma gestão melhor administrada e conseguem reduzir seus custos, conseguem se adaptar e, normalmente, conseguem sobreviver nesses períodos”, destaca. Noutra ponta, ele relata casos de empresários que “expandiram seus negócios e conseguiram melhores resultados” mesmo num ano de atividade desfavorável no Rio Grande do Norte, principalmente, por causa dos atrasos nos pagamentos dos salários dos servidores públicos.

Modificação de ambiente

Para Augusto Vaz, a possibilidade de modificação do atual cenário se dará com a união de esforços de empresários e Governos Municipal e Estadual para adoção de medidas que criem um ambiente favorável à prática empresarial. Flexibilização dos aspectos tributários, modernização dos setores que atuam nas fiscalizações e licenciamentos, assim como na diminuição da burocracia processual federal e estadual são apontados como pontos que precisam ser modificados para contribuir com a geração de mais emprego e renda no Estado.

“A gente precisa criar um ambiente menos hostil para o empresário. E isso eu falo de Brasil, Rio Grande do Norte e Natal. Há uma legislação que está na Câmara Municipal de Vereadores que foi elaborada pela CDL e várias outras entidades em conjunto. A gente acredita que quando essa legislação for aprovada, com certeza vai ser menos difícil de empreender no RN. A gente vai conversar com a governadora que acabou de assumir para se criar uma legislação estadual e um ambiente com menos dificuldades. Precisamos criar uma ambiência, um espaço para que os empresários não tenham tantas dificuldades. Esperamos um ano melhor, com certeza, do que o ano que passou”, declara Augusto Vaz.

Para acompanhar melhor a dinâmica de abertura e fechamento de empresas no Estado, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio/RN) deverá lançar, ainda este ano, uma ferramente que possibilitará o monitoramento, quase em tempo real, da movimentação das empresas. A informação foi confirmada pela Assessoria de Imprensa da entidade, em nota, que destaca ainda, a falta no momento atual de um acompanhamento mais aprofundado dos números do setor.

“Temos até mesmo uma certa dificuldade de dispormos de dados mais abrangentes e confiáveis sobre as empresas existentes no Estado e como elas se comportam. Mas estamos trabalhando em um projeto, que estamos denominando de Observatório do Comércio, que pretende levantar estes dados de forma muito confiável e quase que em tempo real. A nossa estimativa é que ele seja lançado até o início do segundo semestre deste ano e que, com ele, nós possamos dispor de todas as informações que nos permitam de maneira mais forte e efetiva no apoio a estas empresas, mitigando os efeitos negativos e usando tudo o que tivermos ao nosso alcance para contribuir na diminuição desta mortalidade”, declara a Federação em nota.

TRIBUNA DO NORTE

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