Para 76%, as pessoas devem ficar em casa, diz Datafolha

O brasileiro quer manter o isolamento social nos moldes atuais para fazer frente ao coronavírus, ao contrário do que tem defendido o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

É o que mostra pesquisa Datafolha, que apontou maioria sólida em favor de que as pessoas fiquem em casa para impedir que o vírus se espalhe, mesmo que isso signifique prejudicar a economia e causar desemprego.

Defendem essa visão 76% dos entrevistados pelo instituto entre 1 e 3 de abril. Foram ouvidas 1.511 pessoas excepcionalmente por telefone, em razão da pandemia.

Em geral, o Datafolha trabalha com pesquisas feitas presencialmente, abordando pessoas em pontos de fluxo. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Apenas 18% dos entrevistados têm a visão contrária, de que é mais importante acabar com o isolamento para estimular a economia.

O apoio a que as pessoas fiquem em casa é maior no Nordeste, onde Bolsonaro historicamente tem menor popularidade. São 81% os favoráveis na região, governada em sua maioria por políticos de esquerda.

No Sul, reduto do presidente, 70% defendem que as pessoas não saiam de casa para trabalhar, menor índice entre as regiões do país.

Na mesma linha, dois terços dos entrevistados querem manter a proibição de abertura do comércio não essencial, enquanto 87% dizem que as aulas devem continuar suspensas.

Desde o início da crise, Bolsonaro tem defendido que o comércio reabra, para, segundo ele, proteger empregos, sobretudo aqueles de trabalhadores informais.

“O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade”, disse o presidente em pronunciamento na TV no dia 24 de março, o mesmo em que classificou a Covid-19 de gripezinha e resfriadinho.

Numa proporção de 2 para 1, contudo, os brasileiros entendem que o fechamento segue sendo necessário. Defendem a restrição 65% dos entrevistados, contra 33% que favorecem a reabertura das lojas.

Neste momento, apenas estabelecimentos como mercados e farmácias têm autorização para funcionar. Os demais seguem com as atividades vetadas pelos governos estaduais.

Embora Bolsonaro venha dizendo que a reabertura do comércio protegeria os trabalhadores informais, sobretudo os mais pobres, não há alterações significativas em estratos de renda mais baixa da população, segundo a pesquisa.

Apoiam o fechamento do comércio 67% das pessoas com renda familiar mensal de até dois salários mínimos, e 62% dos entrevistados no segmento que ganha de dois a cinco salários mínimos.

Folha de S. Paulo