Investigado por morte de Marielle é alvo de busca em caso de Bolsonaro

O ex-vereador Marcelo Siciliano foi um dos alvos de busca e apreensão da Operação Verine deflagrada pela PF (Polícia Federal) nesta quarta-feira (3). A operação mira a inclusão de dados falsos do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

A coluna de Juliana Dal Piva, no UOL, apurou que foram encontradas mensagens de Siciliano intermediando contatos na Secretaria de Saúde de Duque da Caxias, no Rio de Janeiro, para a inserção de dados falsos sobre vacinas no sistema do SUS.

Além de Siciliano, outras 15 pessoas foram alvo de busca e apreensão, incluindo até o ex-presidente Jair Bolsonaro. Seis pessoas foram presas. Entre elas, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A ação da PF recebeu o nome de Operação Venire, que veio da expressão “Venire contra factum proprium” (Vir contra seus próprios atos). A PF afirmou que esse um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.

Caso Marielle

Pouco mais de um mês após assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018, delegados federais apresentaram como “testemunha-chave” à DH (Delegacia de Homicídios da Capital, órgão da Polícia Civil do Rio), o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira.

A testemunha trabalhou como motorista do ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, apontado como chefe de uma milícia que atua na zona oeste do Rio. Em seu depoimento, “Ferrerinha”, como é apelidado o policial, apontou Sicilliano e Curicica como mandantes do assassinato da vereadora filiada ao PSOL. Ele afirmou ter testemunhado reuniões em que ambos planejaram o atentado Marielle Franco.

No entanto, uma investigação da PF, posteriormente, mostrou que o depoimento foi uma tentativa de atrapalhar as investigações e dificultar a identificação dos responsáveis pela morte da vereadora. Isso motivou um pedido de federalização das investigações feito pela PGR, em 2018. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou posteriormente o pedido. Em 2019, o MP do Rio (Ministério Público do Rio) denunciou o sargento Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Queiroz pelo assassinato da vereadora e seu funcionário.