“Hei de vencer…”: Livro que conta história de uma vitoriosa desembargadora é lançado em Santo Antônio

A história de vida de desembargadora Zeneide Bezerra, recentemente aposentada, depois de 43 anos de magistratura, revela uma trajetória de superação e luta, cuja vitória se deu através de foco em seus sonhos e muito estudo.

A trajetória vitoriosa da filha de Seu Nilo e de Dona Estefânia é sua biografia autorizada, pesquisada e escrita pelas jornalistas Francineide Damasceno e Glacia Marillac, com prefácio do escritor Diogénes da Cunha Lima e apresentação da Ministra Eliana Calmon, além de uma poética participação do magistrado Fabio Wellington Ataíde Alves.

A obra foi lançada em Santo Antônio do Salto da Onça , nesta quinta (18), no Auditório da Câmara Municipal e trouxe aos leitores uma narrativa lúdica que sintetiza a história dessa determinada mulher que pautou sua vida profissional indo além da atividade-fim e sendo, constantemente, uma ponte entre o povo e a Justiça, entre as dificuldades e a realização.

A menina de origem humilde, que adolescente, ao final de cada dia de estudo, escrevia e dizia para si mesma “hei de vencer”, venceu na determinação de fazer, na gratidão e na fé. Venceu o preconceito, venceu os obstáculos, venceu todas as vezes que transformou sonhos, seus e de outros, em realidade.

E esse “Hei de Vencer” ela quer compartilhar com cada menina e menino que em seu cotidiano, igualmente a ela enfrentam as mais diversas dificuldades para estudarem ou continuarem a sonhar. Para isso, uma série de palestras em escolas públicas, dos mais diversos municípios deste Estado, estão sendo agendadas. Serão encontros da biografada com essas crianças e adolescentes, no intuito de dizer-lhes que desistir não é opção.

A filha do carpinteiro, até ser aprovada no concorrido curso de Direito da UFRN, naquela distante década de 1970 e, posteriormente, ser aprovada no concurso de magistrados do Rio Grande do Norte, na infância estudou embaixo de um pé de juazeiro, numa mesa improvisada, feita de uma tábua sob dois troncos, ladeada de paredes feitas de palhas de coqueiros, cujo construtor desse seu “primeiro escritório” foi seu irmão Osório que viu e acompanhou toda sua trajetória e junto com os demais irmãos e sua mãe Estefânia, atualmente com 95 anos, testemunharam, em 2010, ela chegar a mais alta corte da justiça do Rio Grande do Norte.

Maria Zeneide Bezerra, 5ª mulher a chegar à desembargadora, foi Presidente e Corregedora do Tribunal Eleitoral do Rio Grande do Norte, Corregedora Geral de Justiça, vice-presidente do TJRN, presidente do Colégio de Presidentes dos Tribunais Eleitorais do Brasil, além de vários outros importantes cargos e feitos que a fizeram colecionar diversas honrarias de renomadas instituições.

“Para nós, foi um desafio sintetizar em uma centena de paginas essa história, um grande aprendizado. Escrever esse livro que poderá ser utilizado inclusive em escolas públicas como exemplo de determinação, superação e sucesso, pode e deve inspirar outras crianças e adolescentes a investirem em seus estudos e não desanimarem perante seus mais altos sonhos, esse foi o principal objetivo de produzirmos essa obra, além, claro, de homenagearmos a profissional Zeneide Bezerra que nunca mediu esforços para chegar com justiça para todos seja nos processos que julgou ou nas ações e projetos sociais que abraçou”, falam entusiasmadas as autoras.

Como argumentou o juiz Fabio Ataíde, o livro foi escrito para quem gosta de histórias de várias pessoas que se entrelaçam em uma só ao mesmo tempo, um livro de vozes populares, de pessoas que se juntam a outras para celebrar a vida e promover justiça. “Há pessoas que nascem definitivas. Até parece que não precisaram crescer, fazendo da juventude uma eternidade. Este livro tem batimentos cardíacos que constroem os nossos laços de afetos a essa menina infinita, cujo modo de ser-no-mundo se fez pela quantidade de vezes que subiu nas mangueiras, nas cajazeiras, comeu pinha, seriguelas, pitangas, coco verde e carapebas. A dimensão de uma mulher que ultrapassa os limites impostos às mulheres.” Registrou o magistrado.

Para a biografada, tudo foi possível mediante o foco nos estudos e a eterna gratidão a todos que lhes deram a mão: “Espero que este livro sirva de inspiração para outras meninas que, assim como eu, não nasceram em berço de ouro e sabem que para vencer só existe um jeito: acreditar em si mesma, agarrar as poucas oportunidades, agradecer a quem nos apoia e investir nos estudos, só dessa forma haveremos de vencer!”.

Edição e imagens: Gláucia Marilac