Com a saída de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral , a gestão do presidente Jair Bolsonaro tem a segunda demissão de um ministro mais rápida em um início de governo desde a redemocratização. A queda de Bebianno, 49 dias após tomar posse, só não foi mais rápida que a de Romero Jucá, em 2016, quando o então ministro do Planejamento de Michel Temer pediu licença do cargo 11 dias após assumi-lo. Na época, foram divulgadas gravações em que Jucá falava de um pacto para “estancar a sangria” provocada pela Operação Lava-Jato.
Desde o governo Sarney, a primeira demissão no alto escalão ocorreu, em média, com 178 dias de governo, ou seja, pouco mais de seis meses após o presidente tomar posse. O levantamento foi feito, a pedido do GLOBO, pelo cientista político e pesquisador Paulo Franz, do Observatório de Elites Políticas e Sociais, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Para Paulo Franz, especialmente após as manifestações de junho de 2013, a rotatividade ministerial tem sido intensa no país:
— As redes sociais, sem dúvida, têm cumprido um papel central nas decisões e recuos dos últimos governos. Da mesma forma, a tentativa de acomodar partidos nos ministérios de forma que se conquiste apoio o suficiente num parlamento ultrafragmentado leva o governo a recrutar atores e legendas pouco disciplinados. É o retrato da fraqueza institucional brasileira — avalia o pesquisador.
s primeira demissões ocorreram sob condições não favoráveis, marcadas por escândalos ou crises internas. A saída de Bebianno se enquadra nos dois critérios. O ministro caiu após denúncias envolvendo supostas irregularidades na sua gestão à frente do caixa eleitoral do PSL e em meio ao seu degaste com o filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ).
A exceção foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No caso do petista, o então ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, deixou a pasta um ano após assumir o cargo, em meio a uma reforma ministerial.
O GLOBO