Fechamento de empresas no RN tem aumentado: em dois anos 168 fecharam

Fábrica Alpargatas encerrou as atividades em Santo Antônio em 2014 deixando mais de 300 trabalhadores desempregados. (Foto: Blog Os Amigos da Onça/Arquivo)

O Jornal Defato publicou uma matéria especial sobre o número de empresas que fecharam no Rio Grande do Norte nos últimos dois anos e consequentemente o aumento do desempregos no estado, bem como explica a saída da empresa Alpargatas.

O fechamento da última unidade da empresa Alpargatas S.A. no Rio Grande do Norte no final do mês de agosto chamou a atenção para uma realidade preocupante vivenciada no estado.

A abertura de novos negócios no interior do estado, considerando a indústria, comércio e serviços, sofreu uma redução significativa nos últimos anos. Os dados são da Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte (JUCERN), vinculada à Secretaria de Tributação do Rio Grande do Norte (SET-RN).

Os números mostram que entre os meses de janeiro de 2015 e janeiro de 2016,  98 empresas fecharam, ou seja, o número de fechadas em janeiro de 2015 subiu para 242 em 2016. Já com relação entre 2016 e 2017, fecharam outras 70 empresas, totalizando 168 empresas no período.

Por outro lado, no período de janeiro de 2015 a janeiro de 2016, foram abertas 41 novas empresas. Com relação ao mesmo período de 2017, o número de novas empresas abertas caiu para 18. Isso representa uma defasagem de 23 empresas abertas a menos.

No período de julho de 2015 a julho de 2016, foram fechadas 44 empresas. No mesmo período entre 2016 e 2017, foram fechadas outras 45 empresas, totalizando 95 empresas.

Com relação à abertura de novas empresas entre os meses de julho de 2015 e julho de 2016, foi registrada a redução de 123 novas empresas abertas. No que se refere ao período de julho de 2016 a julho de 2017, foram abertas 47 novas empresas.

Fechamento da empresa Alpargatas aumenta desemprego no RN

No dia 31 de agosto de 2017, os 375 funcionários da unidade de produção da empresa Alpargatas S.A. na cidade de Nova Cruz vivenciaram, certamente, um dos piores momentos de sua vida.

Era uma quinta-feira e tudo transcorria normalmente, até que, após um dia normal de trabalho, eles receberam a informação do posto de costura.

Alguns dos funcionários disseram que tudo parecia tranquilo, até que no fim do expediente chegou o comunicado que surpreendeu as mais de 300 pessoas demitidas, na sua grande maioria, moradoras de Nova Cruz.

De acordo com material publicado no site G1.com, desde o dia seguinte, eles assistem a caminhões entrar e saír do galpão onde trabalhavam, recolhendo máquinas e outros equipamentos.

O operador de costura João Marcos Lima, que trabalhou dezoito anos na empresa, diz que a cidade vai viver um drama na economia com o fim das atividades, por conta do dinheiro que vai deixar de circular.

De acordo com os dados da empresa, desde 2008 a Alpargatas S.A. vinha fechando unidades no Rio Grande do Norte, nas cidades de São Paulo do Potengi, Santo Antônio e Natal. A fábrica de Nova Cruz foi a quarta e última unidade de produção da Alpargatas que teve as atividades encerradas no estado.

Juntas, as quatro fábricas fechadas deixaram de empregar cerca de três mil pessoas, aumentando ainda mais os índices de desemprego no Rio Grande do Norte.

O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçados do Rio Grande do Norte, Marcones Marinho da Silva, avalia que o Rio Grande do Norte está perdendo espaço para estados vizinhos, como Paraíba e Ceará, que têm atraído empresas com benefícios fiscais.

A empresa divulgou uma nota em que explica o que motivou o fim da produção no estado potiguar. A Alpargatas esclarece que os maiores desafios são otimizar a produção e a falta de incentivos fiscais. A crise financeira foi o fator que teria pesado na decisão de fechar o negócio, afirma a empresa.

O prefeito de Nova Cruz, Targino Pereira, diz que não foi avisado do fechamento e que o Município não tem como dar incentivos fiscais, porque não cobra imposto à Alpargatas. Ele afirma que recebe apenas uma taxa pela licença de funcionamento da fábrica no prédio que já foi cedido pela Prefeitura.

Os novos desempregados aguardam agora o pagamento das rescisões contratuais para retomar a busca por novos postos de trabalho, seja no Rio Grande do Norte ou em outros estados.

Com Fabiano Souza/DeFato