Governo do RN lança projeto para reuso de águas na agricultura familiar

O projeto “Reuso de Águas Cinzas na Agricultura Familiar do RN” foi lançado nesta segunda-feira (21) pela governadora Fátima Bezerra. O projeto é resultado de convênio entre a Emater, Fundação Banco do Brasil e Funcern (Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte) do IFRN. O objetivo é viabilizar o reaproveitamento de águas utilizadas em pias, chuveiros e tanques de roupa, após filtragem biológica, na irrigação. Os municípios de Alexandria, Alto do Rodrigues, Assu, Lajes e São Paulo do Potengi são os primeiros contemplados.

Nestes cinco municípios serão beneficiadas inicialmente 44 famílias. A governadora Fátima Bezerra ressaltou que o projeto é fruto da capacidade técnica e competência da equipe de Governo e envolve as secretarias de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), Agricultura, Pecuária e Pesca (Sape), de Gestão de Metas, Projetos e Relações Institucionais (Segri), Emater e Emparn. “É mais uma ação de valorização, fortalecimento e expansão à agricultura familiar. Significa para as famílias melhores condições para produzir. Para os municípios, estado e país, mais desenvolvimento. É um projeto fantástico, que dialoga com o desafio contemporâneo da sustentabilidade e descarbonização do planeta. Leva tecnologia para ampliar o uso da água, chegando a regiões mais distantes da capital e mais necessitadas “.

Fátima Bezerra, que coordena a Câmara Técnica da agricultura familiar do Consórcio Nordeste, destacou também que hoje o Rio Grande do Norte é referência nacional no apoio ao setor com o programa de compras governamentais. “Isso também é apoio ao agricultor familiar. Temos legislação estadual que determina o mínimo de 30% para compras governamentais neste setor e proporcionamos sustentabilidade, emprego, inclusão econômica e social, renda, cidadania e condição para permanecer trabalhando na terra”.

O programa será coordenado pela Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Governo do RN). O diretor-geral César Oliveira informou que o principal objetivo será o cultivo de palma para alimentação animal, assegurando forragem para os períodos de estiagem. A Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn) vai fornecer nesta fase 13.200 raquetes de palma para início dos cultivos. César Oliveira acrescentou que o Programa de Reuso de Águas promove apoio à agricultura familiar com sustentabilidade e atende a oito dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, entre eles a ação contra a mudança global do clima”.

Titular da Segri, Fenando Mineiro citou projeto piloto implantado no município de Parelhas que apresenta resultado altamente satisfatório. “A iniciativa comprovou a viabilidade do cultivo irrigado da palma como opção forrageira no semiárido, auxiliando o produtor na manutenção e ampliação dos rebanhos. O resultado é tão significativo que vamos levar esta iniciativa a todas as regiões do Estado”, declarou. Para o secretário da Sape, Guilherme Saldanha o projeto Reuso de Águas “casa com a convivência com o Semiárido.  Permite que, com investimento de aproximadamente R$ 10 mil, uma família de produtores permaneça na sua terra produzindo. Esta é mais uma iniciativa que comprova o compromisso da governadora com o semiárido, proporcionando condições para o homem do campo viver melhor e com mais dignidade”. 

O projeto Reuso de Águas Cinzas na Agricultura Familiar é um convênio de cooperação financeira firmado entre o Governo do Estado, através da Emater-RN, e a Fundação Banco do Brasil. Conta com investimentos que somam R$ 614.975,24, sendo R$ 408.695,44 provenientes da Fundação Banco do Brasil, e contrapartida do Governo do Estado de R$ 206.279,80. Os técnicos da Emater-RN farão o acompanhamento da execução do projeto. 

Reuso seguro e integrado

A superintendente do Banco do Brasil no RN, Priscila Requejo disse que o projeto se enquadra dentro dos princípios da instituição em financiar o agronegócio e a agroecologia. “Este projeto no qual somos parceiros do Governo do Estado preserva um dos recursos mais importantes para o homem do campo, para a economia e para o desenvolvimento regional. Além disso, a parceria com a Emater nos dá segurança da aplicabilidade dos recursos que chegarão às mãos certas”.

Representando a Assembleia Legislativa, o deputado Francisco Medeiros disse que o projeto sistematiza o reuso de águas cinzas para utilização adequada na produção agrícola. “Antes tínhamos algumas iniciativas precárias, sem uso da tecnologia. Agora temos um projeto que irá permitir o reuso seguro e integrado a culturas que vão permitir a continuidade da produção nos períodos de seca, renda e dignidade para os produtores familiares, comprovando o compromisso de um governo com a agricultura familiar e com a questão hídrica”.

O presidente da Federação da Agricultura do RN (Fetarn), Manoel Cândido registrou a importância do programa “que irá reverter milhões de litros de água para a produção”. O representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do RN (Fetraf), vereador em São Paulo do Potengi, João Cabral, disse que “há um desperdício de águas cinzas no interior. Agora o programa Reuso chega com tecnologia para permitir a utilização na produção agrícola, contribuindo para manter as famílias no campo e gerando renda”.

Em São Paulo do Potengi, município da região Central do Estado, o produtor Francisco Cassimiro será um dos beneficiados. Ele produz frutas como manga, acerola e cajá, e cria gado bovino, no Sítio Várzea Fria. “Este projeto é muito bom para nós por que dará condições para a gente produzir alimentos para os animais de forma eficiente e com menor custo. Só tenho a agradecer esta iniciativa”.

Ao ato de lançamento, no auditório da Governadoria, também compareceram técnicos e gestores dos órgãos estaduais envolvidos, representantes dos movimentos sociais como MST e a vice-prefeita de Assu, Fabiana Bezerra.

O projeto 

• A tecnologia de reuso consiste em reaproveitar águas utilizadas em pias, chuveiros ou tanques de roupa, que passam por um filtro biológico, onde é feito um processo de decantação das impurezas. As águas saem próprias para nova utilização na irrigação de frutíferas, palma forrageira, capim, entre outros tipos, sem contaminantes, como o sabão ou detergente.

• O reuso das águas cinzas ajuda ainda na redução da contaminação ambiental, evitando que durante seu descarte promovam o surgimento de “esgoto a céu aberto”, ao mesmo tempo em que aumenta a oferta de água na agricultura familiar.

• A tecnologia social promoverá educação, cidadania, inclusão, acessibilidade, sustentabilidade, participação e geração de renda.

• Inicialmente, os sistemas serão implantados em cinco municípios do Rio Grande do Norte, em propriedades rurais previamente selecionadas de Alexandria, Alto do Rodrigues, Assu, Lajes e São Paulo do Potengi. Cada um desses municípios terá oito sistemas implantados, com exceção de Lajes, que abrigará 12 sistemas. No total, serão beneficiadas 44 famílias rurais.

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