

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), voltou a defender uma anistia “ampla e geral” para envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Em entrevista ao canal da Revista Oeste no YouTube nesta segunda-feira 15, o parlamentar criticou a demora na tramitação da proposta e atacou a condução do tema pelo Senado e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Nós hoje temos votos suficientes no Senado. Agora, nós precisamos desinterditar a votação. Nós estamos assistindo declarações absolutamente fora do lugar do próprio presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), dizendo que não coloca para votar, de uma forma, eu diria, imperial, de uma forma impositiva, na contramão do que determina a nossa legislação e a nossa democracia”, disse Marinho, em referência ao senador Otto Alencar (PSD-BA), presidente da CCJ.
O potiguar também ironizou a postura do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), sobre o projeto. “Nós estamos vendo o presidente do Senado falar a respeito de um projeto que eu tenho brincado: parece orelha de freira, ou cabeça de bacalhau. A freire tem aquele capuz, ninguém vê a orelha dela. Desde abril, a gente escuta essa conversa e ninguém assiste”, afirmou.
Marinho reforçou que a oposição defende uma solução mais ampla do que a proposta de perdão parcial discutida nos bastidores. “O que nos interessa é a anistia ampla, a anistia geral, que contemple a todos. Em seguida, o presidente da República tem a possibilidade de vetar o projeto, e nós, de buscarmos uma sessão congressual para derrubarmos o veto”, declarou.
O senador também criticou manifestações de ministros do STF sobre o tema, alegando que isso compromete a independência entre os Poderes. Ele registrou que uma eventual decisão do Supremo sobre o tema só deveria acontecer mais adiante, caso o projeto seja aprovado e o veto do presidente Lula (PT) seja derrubado.
“O que está acontecendo no Brasil hoje, basicamente, é uma inversão de papéis, é uma invasão de competências, é uma distopia, na hora em que membros do Supremo Tribunal Federal opinam a respeito de ações ou de projetos que poderão um dia serem julgados por ele. Então, esse pré-julgamento é absolutamente intolerável na democracia, está na contramão da nossa legislação.”
Marinho concluiu destacando o apoio popular à pauta defendida pela oposição: “Nós vamos fazer a nossa parte e a população tem ajudado muito nessa questão.”